A Catarina dos quase-20
Já vou a caminhar para os 20, ainda sou uma gaiata com voz doce e leve, com sorriso a dominar o rosto e com metro e meio. Desde o meu sétimo ano que calço o 36. E o meu pé não cresceu mais. Na verdade, desde esse tempo que poucas coisas cresceram em mim: cresceu, somente, aquilo que faz de mim uma mulher. E cresceu também a vontade de envergar esse estatuto! Cresceu o gosto pelas roupas, eu que tive uns anos armada em Maria-Rapaz. Nos tempos livres passados em casa da minha avó materna inventava roupas que a minha ela me ensinava a fazer e coser. Desde cedo o gosto pelas roupas se desabrochou e que ainda hoje perdura. Já a minha querida avózinha era Modista de Alta Costura em Lisboa. Ensinou-me na costura tudo o que sei hoje e a ela lhe devo isso! Fazendo uma retrospectiva de mim mesma, cresceu, também, nessa vontade de ser mulher, uma confiança em mim própria depois de ter todo o meu orgulho e coração despedaçado. Foi a primeira vez que não me sentei à tona de mim própria e tomei ...