"Porque é que estás tão calada, meu amor?"
Ás vezes gostava de ser menos eu.
É, assim mesmo: menos eu. Gostava de ser menos sensível, gostava de não chorar tanto e por tão pouco, gostava de sentir menos. Ao menos, se sentisse menos as coisas, elas não ficariam tantas vezes entaladas entre o peito e a garganta e não acabaria em lágrimas.
Ás vezes gostava de ter sempre a resposta certa, mesmo que essa resposta fosse somente silêncio. Eu calo-me muitas vezes. E eu até sou uma pessoa de falar muito! E é quando me calo que me sinto mais longe de mim mesma. E tu perguntas "Porque é que estás tão calada, meu amor?" e eu respondo "Não sei bem o que dizer." e olhas-me com reticências a pairar sobre a tua cabecinha de menino pensativo que acha que eu penso demais.
Tu conheces-me, sabes que sou uma pessoa que gosta de pessoas e de afectos, que sinto e falo demais, que sinto demais. Tudo demais e com demasiada intensidade. E quando me calo, sentes que o mundo virou do avesso. Deves ter tanto medo do meu silêncio quando eu tenho do teu. Eu tenho sempre medo do que possas pensar de mim, quando não sou correcta contigo, quando tenho atitudes infantis, quando não te respeito da forma que tu queres e mereces, quando sou alguém que tu não conheces e que eu não reconheço. Apesar disso tudo, no fundo, eu só quero estar bem contigo e dormir com a consciência tranquila de que amanhã vou acordar sabendo que ainda me amas. No fundo, eu só queria que pusesses de parte todos os mil defeitos que tenho chapados na cara e que conseguisses ver a rapariguinha de olhar grande e cheio de curiosidade que sou eu.
Nós temos as nossas zangas e ambos ficamos desolados quando o dia termina mal, quando não dormimos na mesma posição, quando os nossos sonhos estão separados como nós.
Ás vezes penso como seria se vivêssemos juntos, como tanto desejamos no futuro (pelo menos eu desejo...): se cada um voltado para seu lado, cada um no seu lado da cama; ou se esquecemos tudo isso na hora de dormir, damos as mãos e os pés e o corpo todo se entrelaça, se damos um beijinho e dizemos boa noite como sempre fazemos toda a vez que a nossa cama é a mesma.
E tenho medo que esses dias a dois menos bons cheguem. Tenho medo que não me aguentes, que aches que não vale mais a pena, que não tenhas forças para aguentar o nosso amor e de lutar por ele, aquele em que investimos tudo aquilo que somos, porque ambos entregámos a nossa alma um ao outro.
Fiquei rendida a ti desde o primeiro dia e até à uns tempos achei difícil acreditar que eras mais forte que eu, porque era o que eu mais temia... Que fosses mais forte, tão mais forte que eu, que eu jamais conseguiria ser eu sem ti. És metade de mim. E sem ti não faz sentido.
Agora, enquanto te escrevo, desolada e com o coração (que é teu) nas mãos, penso como será o dia de amanhã... Se hei-de ir atrás daquilo que quero e que dizes que não sei saber, ir atrás daquilo que me faz feliz e amo ou se hei-de ficar quieta e calada, como aquela Catarina que não sou eu e que gostava mais de ser.
Essa Catarina é certamente mais calma, mais ponderada no que diz e faz. Certamente, uma Catarina que tu gostarias mais...
Amanhã não sei que Catarina vou escolher ser. Mas hoje sou a Catarina que te ama, com toda a alma que ainda tenho e espero (e desejo com muita força) que logo, quando te deitares na cama onde partilhámos mil noites e mil sonhos, ainda me continues a sentir aí e a quereres-me no dia seguinte.
Amo-te.
Percebo-te TAAAAAO mas TAAAAAAAAAO Bem. Obrigada por este bocadinho. Revi-me no teu texto,. ;)
ResponderEliminarObrigada eu por ainda haver gente que me lê e ainda mais agradecida fico quando as minhas palavras tocam os outro :)
EliminarObrigada*