A Carta
Ela olhava o rio sobre a varanda, a água brilhante, o sol radiante, a brisa leve. Para muitos era o que bastava mas ela continuava a sentir que lhe faltava algo, um pedaço seu que alguém lhe tinha roubado.
Foi ao quarto e pegou numa caneta preta e numa folha de papel que estava rasgada numa das pontas. Voltou para a varanda e sentou-se no chão, imovél, olhando para o papel. Começou por fazer um risco mas quando deu por si tinha feito um desenho de duas pessoas, abraçadas. Voltou a folha para o seu verso, que estava em branco e decidiu escrever uma carta.
« Ainda sinto um vazio cá dentro. Não sei se é a falta das tuas mãos dadas com as minhas, a falta de ouvir as tuas palavras, de sentir a tua mão no meu rosto, de me beijares a testa, de mergulhar no teu doce olhar, de ficar vidrada no teu sorriso. Não sei se é a falta das conversas sobre tudo que d'antes eram frequentes ou se é a falta dos longos momentos juntos, unidos, no nosso mundo à parte, pintado com cores nunca antes vistas. Eu não sei se é a falta de sentir o teu sabor, de receber o teu calor, de sentir o teu abraço longamente.
Eu pensava que iria ser tudo mais fácil, menos confuso.
Sei que já te magoei como ninguém mas não te esqueças que já te amei como nunca. Já foste tudo o que precisava para sorrir. A minha razão.
Sonhar, sonhámos os dois, demasiado alto.
Nunca quis acabar com todo o encanto que nos envolvia, mas tu falhaste no teste. A primeira vez que falhaste comigo. Agora sei que a culpa é minha. Eu tinha-te prometido que os testes tinham acabado mas não cumpri e o teste final foi o fim. Eu falhei muito contigo. Desculpa.
Eu não sei se sinto falta do teu amor, mas sei que tu fazes-me falta.
Desculpa pela batalha que não fui capaz de conquistar, tu que eras o príncipe do reino das cores fora da paleta*.»
Guardou a carta escrita a tinta preta, porque a saudade era maior que a coragem e nada a faria voltar atrás.
Foi ao quarto e pegou numa caneta preta e numa folha de papel que estava rasgada numa das pontas. Voltou para a varanda e sentou-se no chão, imovél, olhando para o papel. Começou por fazer um risco mas quando deu por si tinha feito um desenho de duas pessoas, abraçadas. Voltou a folha para o seu verso, que estava em branco e decidiu escrever uma carta.
« Ainda sinto um vazio cá dentro. Não sei se é a falta das tuas mãos dadas com as minhas, a falta de ouvir as tuas palavras, de sentir a tua mão no meu rosto, de me beijares a testa, de mergulhar no teu doce olhar, de ficar vidrada no teu sorriso. Não sei se é a falta das conversas sobre tudo que d'antes eram frequentes ou se é a falta dos longos momentos juntos, unidos, no nosso mundo à parte, pintado com cores nunca antes vistas. Eu não sei se é a falta de sentir o teu sabor, de receber o teu calor, de sentir o teu abraço longamente.
Eu pensava que iria ser tudo mais fácil, menos confuso.
Sei que já te magoei como ninguém mas não te esqueças que já te amei como nunca. Já foste tudo o que precisava para sorrir. A minha razão.
Sonhar, sonhámos os dois, demasiado alto.
Nunca quis acabar com todo o encanto que nos envolvia, mas tu falhaste no teste. A primeira vez que falhaste comigo. Agora sei que a culpa é minha. Eu tinha-te prometido que os testes tinham acabado mas não cumpri e o teste final foi o fim. Eu falhei muito contigo. Desculpa.
Eu não sei se sinto falta do teu amor, mas sei que tu fazes-me falta.
Desculpa pela batalha que não fui capaz de conquistar, tu que eras o príncipe do reino das cores fora da paleta*.»
Guardou a carta escrita a tinta preta, porque a saudade era maior que a coragem e nada a faria voltar atrás.
(imagem encontrada)
Catarina Gaspar
*paleta - Tábua em que o pintor dispõe e combina as tintas.
*paleta - Tábua em que o pintor dispõe e combina as tintas.
tão lindoo (':
ResponderEliminarsinceramente amei o texto. tens imenso geito. parabéns!
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