O banco verde do jardim


Era no banco verde do jardim que costumavam estar, juntos, abraçados, fazendo companhia um ao outro. Ela agora estava sozinha, em silêncio, escutando os pássaros, sentindo os seus cabelos castanhos dançarem ao som do vento. Sentia-se perdida naquele lugar, mas era o único sítio que lha trazia calmaria e paz à sua mente. Um milhão de coisas passavam pela cabeça. Do banco via-se um rio, grande e brilhante. Sonhava com o dia em que partira sem destino. Agora nada a impedia, nada a prendia, nada lhe faria voltar atrás. Apenas queria largar e esquecer, tentar sorrir de novo, sozinha ou acompanhada. Deitou-se no banco, com as lágrimas a cair pela face, fechou os olhos e caiu num sonho profundo. Sonhou com o dia em que se conheceram, naquele mesmo banco verde de jardim, num dia de chuva. Ela morava ali perto e ele também mas nunca antes se tinham cruzado. Ela tinha saído de casa a meio de uma discussão com os pais e tinha ido para jardim, vagueando e acabando-se por sentar naquele banco. Colocou os pés no banco, agarrando com os braços em volta das pernas e deitando a cabeça sobre os joelhos. Num dia como este não se via ninguém na rua. As suas lágrimas eram disfarçadas pela água da chuva e os soluços do seu choro, pelo barulho da chuva a cair. Por ali passava um rapaz, mais alto que ela, olhos brilhantes e cabelos castanhos, tinha a pele morena e a roupa ensopada. Andava à chuva e sentou-se junto dela, sem uma única palavra dita. Ela apercebera-se de uma presença e levantara a cabeça, ficando olhos-nos-olhos com o rapaz. Ele sorriu-lhe o que fez com que ela sorrisse também. O seu sorriso era tão encantador, único, diferente, mágico. Passado algum tempo de silêncio e de impaciência, ele finalmente dirigiu-lhe uma pequena frase "Está um lindo dia!". A voz era grave e doce ao mesmo tempo. Ela ficou perplexa a olhar pra ele, nunca tinha conhecido ninguém que gostasse de chuva como ela gostava. Fez-lhe um sorriso tonto e disse que sim. Mais silêncio. Ela parara de chorar e ele olhara em frente, observando atentamente a chuva. Ela reparava em cada pormenor da cara dele, olhava-o como ninguém. Sentiu borboletas na barriga, olhava para os lábios, para os olhos, queria-o por perto, queria senti-lo. Ela olhou para baixo e assim permaneceu. Ele olhara para ela, reparava nas curvas do seu longo cabelo castanho. Os seus olhos eram verdes, grandes e brilhantes também. Os lábios eram carnudos, tinham um tom rosa claro, suave. O seu sorriso espalhava brilho pela cara e dava-lhe um ar acriançado, leve, doce.
Os olhares acabaram por se encontrar novamente. Notara-se uma química especial e diferente entre estes jovens, era algo inexplicável. Cada vez estavam mais próximos. As mãos, agora, tocavam-se. Surgira um beijo, lento, intenso, terno, único.
Estavam completamente perdidos de amor. Será possível alguém se apaixonar sem saber nada um sobre o outro?
Fizera-se tarde e agora começara a escurecer, já sem chuva. Estava na hora de cada um seguir o seu rumo mas o silêncio permanecia. Ele acabara por dizer algo que ela não percebeu. Ela apenas sorrira com o mesmo tom de sorriso de quando chovia. Combinaram encontrarem-se no dia seguinte, à mesma hora, com chuva ou com sol, mesmo não sabendo nada um do outro.
Ela acordara agora, depois deste sonho profundo. Pegou numa chave e com a ponta escreveu no banco verde do jardim "SAUDADES TUAS".
Catarina Gaspar

Comentários

  1. amei completamente *,*
    esta a coisa mais perfeitaaaa catarina , escreves tao , mas tao bem *o*
    beijinho

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  2. escreve lá um livro com coisas destas que este eu leio :)

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  3. Está muito bonito Catarina :)
    Gostei da simbologia do banco e da atmosfera que imaginei * <3

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  4. Filipe Tomás -bacalhau á brás28 de julho de 2009 às 20:47

    lindo prima parabéns....
    adorei... continua assim

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  5. temos escritora!...
    Fico á espera de mais histórias
    beijinhos

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. beem *.* , de todos foi o favurito! está fantástico , lindo mesmo!

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  8. conheceram-se mesmo assim?? :o

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  9. Não Carla, esta história é ficção.

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