uncovered feeling secretly hidden at a distance of a kiss

(Catarina Gaspar)

Tu não erras, detens sempre o poder de me por um sorriso vincado nos meus lábios, deixas-me a flutuar quando me olhas com ternura nos olhos tentando descobrir para onde viaja a minha alma transparente. Fazes-me sentir bem, fazes-me perder-me nos pensamentos e no tempo, como nas horas a fio em que conversamos de memórias cinzentas e amarelas, e vermelhas, azuis turquesa e cor-de-rosa, com gelados tão gelados que nos gelam os dedos entre as palmas das nossas mãos à temperatura entre o quente e o frio.
Perder-te não faz parte dos meus planos não planeados, não faz parte do meu mapa não ter a tua morada assinalada, não faz parte do meu telefone não ter o teu número, não faz parte da minha vida não te ter! 'Perder-te' contigo não se diz, não se conjuga, não faz parte da minha gramática. Só quando me perco em ti, e até já perdi a conta das tantas vezes em que isso aconteceu.
Pensando bem, nenhuma palavra faz parte da minha gramática, não há palavras, só mímica e sons, corpo e alma, coração, sentidos e sentimentos. Eu não sei não gostar de ti e assim descobri o sentimento secretamente escondido à distância de um beijo, tão escondido que nem eu o conseguia encontrar, que nem eu o conseguia provar que existia mas que no fundo sempre soube da sua inocente existência. E o quão demorado foi até achar-me, a mim e a ti.
Deixa-me dançar ao som da batida do teu coração, deixa-me arrepiar-me com o som da tua voz, deixa-me abraçar-te e não te largar mais, deixa-me gostar de ti. Derrete-me o coração com o teu calor, só mais um bocadinho, que ás 6 tenho que estar em casa.

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