O naufrágio de um ser


Pele pálida, quase branca e eu via nos teus olhos escuros perdidos que tinhas perdido a razão, que tudo em ti era vão e que sonhos tanto vêm como vão. Eu sei que querias voar mas tu tinhas perdido as asas, os teus pés pesavam toneladas e o coração estava fechado, vazio, à deriva, perdido na grande e bela Lisboa. As pessoas passavam por ti mas tu não vias, tu não rias, não sentias, não estavas mas eu olhava, por entre a janela, com curiosidade ou apenas bondade invadida em meu coração.
Oh rapaz, quem te deixou no teu barco à deriva? Quem te afundou os sonhos e afogou os sentidos? Quem te naufragou?
O vento assobia cada vez mais alto e as marés viram como quem vira uma página. Mas tu não sabes do teu livro, nem do teu ser e a razão já não é razão para os ventos e as marés da vida. E tu não te ergues, não te mexes, não falas: só olhas para as marés que levam os barcos onde tu não foste capaz de velejar.

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