Na nossa inocência de amor puro, éramos felizes

Eu era cega de amor por ti.
Conhecia todos os teus detalhes, todos os teus cheiros: o do teu perfume e o de quando saias do banho. O último era o meu preferido. Conhecia todos os timbres da tua voz: o de quando falavas comigo, o de quando me dizias que eu era linda, o de sussurro, o de euforia. Eu conhecia a tua casa, a tua família, os teus livros, a tua música, os teus filmes, as tuas gavetas. Conhecia o teu andar, o teu tocar e o teu falar, especialmente o falar comigo, que era sempre mais calmo, e mais terno, sempre mais doce e bom, suave e bom. Era sempre tudo tão bom.
Tínhamos um amor tão bonito, tínhamos a essência que aos outros faltava: a nossa sintonia. Sempre tivemos uma química mística que nunca havíamos sentido igual.
(...)
Disse "chega!" e fui embora. Bati com a porta, chateada contigo e não sei para onde ir. Mas sei que vou voltar a casa, à minha, sem ti, quase vazia.
Deixas-te cá a tua escova dos dentes e eu deixei aí muitas coisas, contigo, talvez mais dentro, que fora.
Não havia mais estrada, não havia mais maneira. A rotina matou o que restava de mim.
Mas acredita que te amei de verdade, durante muito tempo.
E prefiro acreditar que só houveram tempos bons em que não existiam chatices e zangas e gritarias e palavras que magoam e que, na nossa inocência de amor puro, éramos felizes mas que as nossas mãos se separaram uma da outra nesse fim de estrada.

Continuo a dizer que és das melhores pessoas que conheço, embora tenhas em ti todas as incertezas do mundo.*

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