Mal por mal

"Sei que há uma força estranha que me faz correr para ti" ...
maldita força. E maldita porque me fazes mal. E não te sei dizer que raio de mal me fazes tu, mas eu sei que me fazes mal.
Porque só estou bem quando estou contigo e quando não estou, não sei, parece que não estou.
Tu dás-me uma espécie de calma, sem me acalmar. Não é paixão. São as energias.
Eu às vezes escrevo pequenas coisas para mim, que são para ti. E um dia eu mostrar-te-ei. Mas até lá ficam comigo. E porque um dia não são dias.
Há pessoas que têm uma forma muito própria de gostar e é por isso que me fazem mal: porque me alimentam a veia da escrita e me esvaziam o coração mil vezes ao dia. Eu não te sei explicar bem, mas sei o que sinto e sei que te adoro como ninguém te adora e sei que te conheço tão bem como me conheço a mim própria, mesmo que eu não saiba bem quem eu seja.
É um mal bom. Mas não deixa de ser um mal que um dia me mata.
Mas eu nasço sempre de novo.

«Já sou quem tu queres que eu seja,
Tenho emprego e uma vida normal.
Mas quando acordo e não sei
Quem eu sou, quem me tornei
Eu começo a bater mal.
O teu bem faz-me tão mal!

Já me enquadro na tua estrutura.
Não ofendo a tua moral.
Mas quando me impões o meu bem
Eu ainda sinto aquém.
O teu bem faz-me tão mal,
O teu bem faz-me tão mal!

Sei que esperas que não desiluda,
Que por bem siga o teu ideal.
Mas não quero seguir ninguém
Por mais que me queiras bem.
O teu bem faz-me tão mal,
O teu bem faz-me tão mal!

Sei que me vais virar do avesso
Se eu te disser foi em mim que apostei.
Não, não é nada que me rale
Mesmo que me faças mal.
Do avesso eu te direi:
O teu mal faz-me tão bem!»

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