A menina que não sorriu
"Onde andava aquele brilho no olhar e no sorriso que de antes era constante, do dia até à noite?" Só pensava esta pergunta e ecoava-me na cabeça, repetidamente por não ser capaz de entender.
Todos os dias a rapariguinha sorria, com os lábios e com a alma. Agora, os lábios estão cerrados e ela não disfarça a tristeza, pobre alma que não sabe representar. Aprendi a vê-la, sem lhe tocar, e a sabê-la de cor, sem nunca lhe ter falado. Mas ela tem algo no olhar e no sorriso que fala por ela, sem nunca ter que dizer uma palavra, sem ter que emitir um único som a mais sem ser o som do seu riso, quando algo a faz inteiramente feliz. Aprendi a conhecê-la sem nunca a ter conhecido.
Olhei-a fixamente e ela olhou-me em seguida, vazia, como um barco à deriva. E ela sem sabia por onde andava navegando. Perdeu-se... mais uma vez, sabe lá por onde.
Eu sorrio-lhe. Ela, com toda a simpatia e delicadeza que ocupa as suas boas maneiras de menina bem educada, sorriu-me de volta, mas desta vez foi um sorriso tão vago, um soltar de lábios para as pontas, sem sentido nem sentimento. Não era a minha menina. Ela não fingiu, não o sabe fazer, e notava-se a distância a que estava do mundo que a rodeava.
Ela não fala, só escreve. Sempre que precisa de falar, escreve. E por isso fá-lo, sem parar, porque as palavras fogem depressa do pensamento e as lágrimas só não surgem nem ela sabe como, vontade não lhe falta e o aperto do peito aperta cada vez mais, quase sem conseguir respirar.
Ela pára de escrever. Guarda a caneta e o bloco na mala. Olha-me. Sorri-me com um ar mais aliviado, mas ainda triste.
E vai embora.
Olhei-a fixamente e ela olhou-me em seguida, vazia, como um barco à deriva. E ela sem sabia por onde andava navegando. Perdeu-se... mais uma vez, sabe lá por onde.
Eu sorrio-lhe. Ela, com toda a simpatia e delicadeza que ocupa as suas boas maneiras de menina bem educada, sorriu-me de volta, mas desta vez foi um sorriso tão vago, um soltar de lábios para as pontas, sem sentido nem sentimento. Não era a minha menina. Ela não fingiu, não o sabe fazer, e notava-se a distância a que estava do mundo que a rodeava.
Ela não fala, só escreve. Sempre que precisa de falar, escreve. E por isso fá-lo, sem parar, porque as palavras fogem depressa do pensamento e as lágrimas só não surgem nem ela sabe como, vontade não lhe falta e o aperto do peito aperta cada vez mais, quase sem conseguir respirar.
Ela pára de escrever. Guarda a caneta e o bloco na mala. Olha-me. Sorri-me com um ar mais aliviado, mas ainda triste.
E vai embora.
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