Gostar de alguém é um tormento

É um tormentos gostar tanto de alguém. É sempre difícil explicar o quão gostamos e, o mais difícil ainda, explicar o porquê de gostarmos.
Uma pessoa apaixona-se por um olhar, por um sorriso, por uma gargalhada. Apaixona-se por uma voz, um suspiro, um sussurro, uma conversa. Uma pessoa apaixona-se por um coração de olhos vendados e de mãos atadas, e essa é a forma mais pura e mortífera de se apaixonar:
Puro porque é com o coração vendado que se aceitam os defeitos e se elogia as qualidades; é com o coração que se vê melhor, porque "o essencial é invisível aos olhos".
Mortífero porque é de olhos fechados que nos conduzimos para um abismo, ou para um caminho que não conhecemos, piso incerto. Mortífero porque é a forma mais arrebatadora de amar; é quando o coração se disforma e se molda a mil e uma situações; é quando se perde um bocado do que somos para achar-mos o outro em nós. É o amor mais mortífero porque é também o mais saudoso, porque é com este amor puro que se ama todos os bocadinhos que se está com o outro, que falamos com o outro, que respiramos o outro e, por isso, quando o nosso amor não está, nós também não estamos por completo. O que somos acaba por só funcionar com a gasolina amorosa que depois pagamos caro com saudades, apertos no coração e noites agarrados à almofada a tentar que a saudade saia do corpo pelos olhos cerrados e húmidos.
Mas a saudade insiste e o coração aperta mais um pouco a cada lágrima e parece que o mundo vai cair em cima do nosso peito. Mas afinal só cai o vazio e o lençol, nada do teu querido amor.
E é isso mesmo que mata, essa saudade que vem para ficar e não sacia.

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