Olho o copo alto, as bolhas do gás a surgir do nada e a subir com rapidez para o topo do líquido. As bolhas não param, estão frenéticas e aí vejo que a tua mão agarra o copo e leva-o levemente à boca. Bebes um gole de imperial, e o teu ar fica a navegar entre o vazio e o sabor da cerveja na tua boca, o fresco a descer-te pelo corpo, por dentro. Enquanto isso, eu perco-me primeiro nos teus lábios, tantas vezes já saboreados por mim, perco-me em todos os lugares onde o nosso beijo fora celebrado, todos os risos que interrompiam cada beijo, porque a vontade de rir era sempre maior que outra vontade qualquer contigo, porque sentia-me tão bem, tão livre, tão inteira, tão feliz, que a felicidade transbordava em todos os sorrisos que esboçava a teu lado. Depois, o meu olhar subiu ao teu, e ficou ali suspenso, naquela esplanada à beira-mar, onde tu olhavas os barcos ao longe, o outro lado da margem, um Cristo-Rei erguido, de braços abertos, pronto a abraçar uma cidade inteira que o olha d...