"Escrever era como voar..."
Já não escrevo há muito e não sabia eu porquê. A razão descobri-a, afinal, num livrinho com 501 frases que marcaram Portugal e o Mundo, editado pelo Sábado, este ano.
«Escrever era como voar, voar, voar. O fogo era tal que me consumiu. Ficaram só cinzas, e com as cinzas não se faz poesia.»
Mário Cesariny, poeta e pintor português,
justificava a decisão de deixar de escrever.
Jornal de Letras, 24 de Novembro de 2004
Não sei quando voltarei a escrever. Sempre escrevi por necessidade de expressar algo que ficava entalado na garganta. Escrever, para mim, era quase como um alívio, o libertar de um sufoco, um grito que era necessário ou porque precisava de exprimir, ou porque precisava de falar, embora quase fosse com as paredes. Mas era um alívio tão grande quando acabava de escrever e publicava no blog, como se as minhas frustrações, inseguranças, medos, amores e desamores fizessem parte do mundo. Mas se eu faço parte do mundo e se sou pessoa, com medos, falhas, coração e sentimentos, não vejo o mal em escrevê-los ao mundo.
Um dia li algures que o mais difícil na vida era escrever sobre nós próprios e sobre o que sentíamos, e eu sempre achei isso a coisa mais fácil do mundo! Sempre foi fácil escrever o que sentia, dar aos outros uma explicação, porque só através da escrita eu conseguia entender o que sentia e o que pensava. A escrita sempre foi como uma terapia, e assim nunca recorri a cigarros, drogas ou álcool para me entender. Eu sempre fui muito mais impulso que razão, sempre fui muito mais de dar que receber, sempre fui muito mais coração que orgulho. E nem sempre ser assim deu certo. Foi preciso achar o alguém certo, o tal que completasse as minhas falhas, que me amasse mesmo amachucada, que me fizesse sentir preciosa, para eu sentir que afinal não faz mal eu ser como sou. Foi preciso achar alguém que me desse instintivamente aquilo que eu não tenho e que eu lhe desse aquilo que ele não acreditava.
O amor é muitas coisas. E sempre foi a minha razão de escrever, porque era entre frases soltas ou textos profundos, vindos da alma, que eu buscava na escrita o amor que eu sonhara.
É por isso mesmo que agora já não são precisas mais palavras.
A todos os amores e desamores que aqui escrevi longos e sentidos textos e que me ajudaram, sobretudo, a crescer e a entender o que o amor é para mim, obrigada.
A todos que me leram até hoje, até um dia.
Ao meu amor maior, até amanhã.
Um beijo, Cat.
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