Há dias que quase não ouço a tua voz e, quando finalmente vens, incontactável, intocável, de lá longe, eu sinto-me feliz de novo, respiro com calma e cresce novamente as borboletas nervosas como no primeiro dia. Esperei toda a semana por ti, como espero todas as semanas...
Passam-se horas e eu não sei de ti, viajo nas ruas, olhando para todos os rostos que se cruzam comigo, na esperança vaga de te poder encontrar. Mas tu persegues-me de longe, vês-me perdida no meio da multidão e não me dás sinais... Eu sinto o teu perfume, sinto até o arrepiar dos meus poros por todo o meu corpo com o calor da tua pele que não me toca... E pergunto-me onde estás. E o vento sussurra "estou ao teu lado". Eu olho e não te vejo. Lá longe nunca te vejo.
E se o teu cabelo crescer mais, e se a barba ficar maior, e se os olhos ficam ainda mais claros e os cabelos aloiram mais? E se ainda me amas, e se ainda me queres, e se ainda somos um, e se vais querer acordar ao meu lado, e se vais deixar o passado pra trás e seguir em frente na mesma direcção que eu...
E se... E se... E se ao menos eu pudesse mostrar o quão eu te sinto cá dentro a todas as horas do dia, talvez acreditasses em mim, um dia...

Procuro-te em todos os rostos que se cruzam comigo... rua acima, rua abaixo... E nunca entendo que estás sempre atrás de mim, como quem guia, como quem protege, como quem afasta o mal mas como quem não quer ser visto e não me quer ver...

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